Introdução

A deformidade popularmente conhecida como”orelha em abano”, também denominada de “prominauris” ou orelha proeminente, é frequente e tem padrão de herança autossômica dominante.

Tipicamente resulta da combinação de dois defeitos:

Inúmeras técnicas foram descritas para a correção destas deformidades, empregando métodos de exci-são, tubulização, escarificação, plicaturas e reposicionamento da cartilagem auricular.

Estas técnicas de otoplastia são utilizadas na correção de várias deformidades auriculares abrangendo não somente as “orelhas em abano”, mas também as orelhas constritas, a deformidade de Stahl e a criptotia, entre outras.

A profusão de métodos de abordagem indica claramente que não existe uma técnica única e ideal para a correção destes problemas. Também não é raro encontrarmos variações no grau de proeminência de um lado para o outro e de variações no tipo de deformidade da cartilagem, o que nos obriga a adotar associação de técnicas e adaptar nossa conduta cirúrgica.

É importante que o cirurgião seja capaz de identificar e analisar as particularidades da deformidade, conhecer detalhadamente a anatomia normal do pavilhão auricular e estar familiarizado com todo o espectro de técnicas de otoplastia para estabelecer um plano de tratamento cirúrgico baseado nas múltiplas opções técnicas disponíveis.

Embora este capítulo seia mais centrado na correção da “orelha de abano, os princípios básicos que serão discutidos se aplicam também na correção das outras deformidades auriculares.

Histórico

A evolução das técnicas de otoplastia passa por três fases distintas.

A princípio acreditava-se que bastava aproximar a orelha do crânio para correção da deformidade.

Mais adiante surgiria o conceito de que a deformidade seria causada pelo aumento do ângulo escafo-conchal.

E na fase moderna, a compreensão de que possa haver uma associacão de fatores causais, e que a solução cirúrgica seria também mais complexa, abordando todas as anomalias presentes.

É atribuída a Dieffenbach’ a primeira descrição de otoplastia para orelha proeminente (1845), na qual preconizava excisão de pele retroauricular e fixação da cartilagem conchal à mastoide.

Ely, em 1881, propôs a ressecção de segmento da cartilagem conchal, além da ressecção de pele retro-auricular e da fixação da concha a mastoide.

O conceito de reconstrução da ante-hélice pode ser atribuído aos trabalhos de Keen, Monks, Cocheril, Morestins, Gersuny? e Luckett.

Luckett corrigiu esta deformidade por meio de ressecção de elipse de pele e cartilagem ao longo da junção escafo-conchal associada a suturas horizontais que projetavam as bordas da cartilagem incisada simulando a ante-hélice.

Becker, em 1952, introduziu o conceito de tubulização da ante-hélice por meio de condrotomias e suturas.

Esta técnica foi aperfeiçoada por Converse, em 19551, e depois novamente refinada por Converse e Wood-Smith, em 1963.

Mustardé (1963) evitava as condrotomias e reconstruía a ante-hélice com suturas permanentes entre a concha e a escafa.