Introdução

O objetivo principal da correção de uma fenda palatina é criar um palato anatômica e funcionalmente integro para melhora da alimentação e aquisição de uma fala normal, ao mesmo tempo tendo o menor impacto possível no crescimento e desenvolvimento maxilar.

Para produzir uma fala normal, uma criança deve ter competência velofaringea, definida como a capacidade de ocluir completamente o esfíncter velofaríngeo, separando a nasofaringe da orofaringe. A ausência desta capacidade é vista em um percentual variável dos pacientes que são submetidos à palatoplastia, sendo que aproximadamente cerca de 20 a 30% necessitam de uma cirurgia secundária.

Disfunção velofaríngea é definida como a incapacidade de ocluir completamente o esfincter velofaringeo, seja por deficiência anatômica e/ou funcional, na produção de sons orais.

Quando há uma situação em que a estrutura anatômica se encontra alterada, como em uma fenda palatina ou em uma sequela de ressecção tumoral, dizemos que esta situação configura uma insuficiência velofaríngea.
Este é o tipo mais comum de disfunção velofaríngea.

Já quando há uma desordem neurofisiológica que resulta na movimentação deficiente do esfíncter velo-faríngeo, esta situação é denominada incompetência velofaríngea.

Por fim, o terceiro tipo é a disfunção por erros de aprendizagem, também conhecidos como distúrbios articulatórios compensatórios. Esta é uma desordem na articulação da fala, caracterizada pelo uso de pontos articulatórios atípicos (faringe, laringe) de certos fonemas que são normalmente produzidos na cavidade oral. na tentativa de compensar o escape de ar nasal e a fraca pressão intraoral.

Anatomia e Fisiologia Aplicadas
à Função do Esfíncter Velofaríngeo

O esfincter velofaringeo é constituído anteriormente pelo véu palatino (palato mole), lateralmente pelas paredes laterais da faringe e posteriormente pela pare de posterior da faringe. Cada porcão desta contará com uma estrutura muscular que deverá estar presente e funcionante para que ocorra a adequada vedação entre as cavidades oral e nasal.

Cinco pares de músculos constituem o palato mole: o elevador ou levantador do véu palatino, o tensor do véu palatino, o da úvula, o palatofaríngeo e o palatoglosso (Figura 24.11 9).

O músculo elevador do véu palatino, que se origina da porção petrosa do osso temporal e da porção média da cartilagem da tuba auditiva, cursa inferior e medialmente, interdigitando-se na linha média. Eleva o palato mole à faringe, sendo responsável pela porção anterior do esfíncter velofaríngeo. É o principal responsável pelo adequado fechamento desta estrutura.

Os músculos palatoglosso (pilar amigdaliano anterior) e palatofaríngeo (pilar amigdaliano posterior) se originam na linha média do palato mole e inserem-se na língua e na parede lateral da faringe, respectivamente, participando também na função esfincteriana através do estreitamento da abertura da orofaringe.