INTRODUÇÃO
A abordagem das fissuras labiais e palatinas deve ser adequada à grande variação anatômica encontrada na população de fissurados. As formas mais simples são as que menos afetam o esqueleto facial. Nesses casos, as diversas técnicas difundidas desde o século passado apresentam resultado bastante consistente e uniforme nos diversos centros de tratamento de fissurados. Quando a fenda atinge o esqueleto facial, a gravidade do problema é proporcional a extensão do defeito ósseo e sua relação com as partes moles envolvidas na reabilitação funcional. Nesses casos, os resultados podem variar de acordo com o protocolo adotado e surgem as controvérsias atuais que passamos a discutir.
IMPACTO DA CIRURGIA DAS FENDAS LABIAIS E PALATINAS SOBRE O CRESCIMENTO FACIAL
Sabe-se que o crescimento do terço médio da face em pacientes com fissura labiopalatal completa é freqüentemente anormal Contudo existe muita controvérsia sobre a etiologia dessas alterações. As diversas técnicas de fechamento do palato e o momento de sua indicação nos pacientes com fissura labiopalatal ou palatal são amplamente discutidos na literatura. Alguns autores acreditam que fenômenos intrínsecos do desenvolvimento nas fendas seriam os responsáveis pelas anormalidades e que a cirurgia não teria papel na retrusão do terço médio da face, observada em estágio mais avançado do crescimento facial dos pacientes fissurados. Outros acreditam que a cirurgia palatal precoce é causadora de iatrogenia e que o fechamento tardio da fenda no palato duro favoreceria o crescimento facial. Já outros afirmam que não haveria diferenças de crescimento entre os pacientes fissurados e crianças não fissuradas. Alguns autores até mesmo afirmam que as cirurgias em realidade estimulam ao invés de inibir o crescimento facial’8.
A conclusão óbvia é de que não necessariamente toda cirurgia deva ser postergada até que ocorra a maior parte do desenvolvimento da maxila. A cirurgia pode até mesmo auxiliar e direcionar o crescimento ao restabelecer forças musculares mais normais.
Os resultados cirúrgicos variam de acordo com os diferentes centros de tratamento de fissurados. Muitos fatores parecem contribuir para essas diferenças: o momento da indicação da cirurgia, a competência do cirurgião, o tipo de cirurgia e a extensão do defeito original são alguns dos principais fatores, embora alguns opinem que mais que a técnica escolhida, seria a inabilidade do cirurgião a executá-la a principal causa da alteração do crescimento facial. A maioria dos autores concorda que o crescimento do terço médio da face em pacientes com fissura labial e palatal não é normal.